domingo, abril 26, 2009

Tempero de sonho


Gosto da ausência de ti
na refeição da vida
da sede
da fome
que o tempo acrescenta
depois da partida.

Ter-te ausente

é dar-te a mão com outro eu
que sabe navegar
invisível mar
sem precisar de caravela
entre planeta e estrela.

Amargo seria
não existires,
nem longe, nem distante

e nem por um instante
arrumar as letras saudade
nesse fio, colar de contas
espécie de rio
e pô-lo ao peito.

Solidão é só

não ter sonhos
com cheiro a canela
açúcar queimado
para polvilhar
o caminho
arroz-doce
leite-creme
prato cheio
azul

infinito
do céu de cada dia.



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quinta-feira, abril 02, 2009

Regar...

Rego tudo bem regado
horas, minutos, segundos
pessoas, bichos e flores
ideias, palavras, histórias
sabores, aromas, memórias
a ver se no jardim nasce
companhia para o caminho:
um berço, um colo, um abraço
uma lua, um piano, um regaço
um livro, um poema, um palácio
um ouvido, um beijo, um carinho
um canto, uma dança, uma voz
que se deixe aqui ficar
goste de me ver regar
e não deseje partir...

... que eu tenho pés de sereia
asas de joaninha
sonhos de borboleta
olhos de ver ao longe
o mundo na minha cabeça
mas gosto do meu jardim
e não lhe consigo fugir.